Prof. Me. S. Adriano Ribeiro
Jean-Paul Sartre
(1905-1980) foi um filósofo, dramaturgo e escritor francês, um dos fundadores
do existencialismo. Jean-Paul Sartre nasceu em Paris, no dia 21 de junho de 1905.
Ficou órfão de pai quando tinha dois anos de idade. Muda-se para a casa das
avós maternos em Meudon. Quando tinha doze anos, sua mãe tornar-se a casar e
vão morar em La Rochelle. Depois de dois anos, é enviado à Paris para
prosseguir os estudos. Com 19 anos ingressa na Escola Normal Superior, no curso
de filosofia, onde conhece Simone de Beauvoir, sua futura companheira. Em 1931,
Jean Paul Sartre conclui o bacharelado e nesse mesmo ano é nomeado professor de
filosofia no liceu da cidade de Havre. Em 1933 consegue uma bolsa de estudos
para o Instituto Francês de Berlim, onde passa um ano estudando o método
fenomenológico, que forneceu a Sartre o instrumento para escrever suas
primeiras obras filosóficas. Ainda em Berlim, começou a escrever “A Transcendência
do Ego”, que seria seu primeiro trabalho fisiológico. Volta a lecionar em Havre
e por encomenda de um professor escreve “A Imaginação” e sua primeira novela,
“A Náusea”.
Em 1938, Sartre
volta a morar em Paris e dar aulas no Liceu Pasteur. Em 1939, entrou na frente
de combate na Segunda Guerra. Em 21 de junho de 1940, Sartre é preso pelo
exército nazista e enviado para um campo de concentração na Alemanha, onde
permaneceu por quase um ano. Em 1943 publica “O Ser e o Nada”. Em 1945, acaba a
luta armada e a euforia da vitória toma conta da França. Sartre funda a revista
“LesTempsModernes”, um órgão difusor do existencialismo. Engajado com os
movimentos sociais, em 1952 ingressa no Partido Comunista Francês. Em 1960
publica “Crítica da Razão Dialética”. Nesse mesmo ano vai a Cuba e fica
entusiasmado com a revolução liderada por Fidel Castro. Logo depois esteve ao
Brasil, onde visitou Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus. De
volta à França foi vítima de perseguição pela política de Charles De Gaulle.
Vários números de “LesTempsModernes” foram apreendidos. Em 1965, recusou o
Prêmio Nobel de Literatura. Recusou também o convite de professores
universitários para uma viagem aos Estados Unidos, alegando que não tinha nada
a dizer num país que sustentava a guerra do Vietnam. Jean-Paul Charles Aymard
Sartre faleceu em Paris, França, no dia 15 de abril de 1980, deixando uma obra
vastíssima, entre romances, contos e ensaios. Seu corpo foi sepultado no
Cemitério de Montparnasse, onde também foi sepultada sua companheira Simone de
Beauvoir.
O existencialismo é um humanismo, é um texto
escrito por Jean Paul Sartre no ano de 1946. Nele,
Sartre começa relatando as críticas dos comunistas, que acusavam
o existencialismo de incitar as pessoas a permanecerem no imobilismo
do desespero; de ser uma filosofia contemplativa, o que necessariamente o
reconduziria a uma filosofia burguesa; de enfatizar a ignomínia (vergonha)
humana e de negar a solidariedade humana. Sartre ainda dá destaque para as
críticas cristãs, que os acusavam de negar a realidade e seriedade dos
empreendimentos humanos, já que suprimindo os mandamentos de Deus e os valores
inscritos na eternidade, restaria apenas a pura gratuidade, onde cada qual
poderia então fazer o que quiser, sendo impossível a partir de um
ponto de vista pessoal condenar os pontos de vistas alheios tal qual os seus
atos. Após expor tais críticas, Sartre tenta explicar em que sentido ele(s)
entendia(m) o existencialismo, numa tentativa de responder as acusações feitas
acima. Ele começa afirmando que o concebia como uma doutrina que torna a vida
humana possível e que, por outro lado, declara que toda verdade e toda ação
implicam um meio e uma subjetividade humana. Segundo Sartre, existem dois tipos
de existencialismo: 1. Existencialismo cristão; 2. Existencialismo
ateu, que segundo ele é o mais coerente. Entre
o existencialismo cristão e existencialismo ateu,
o único ponto de concordância é o de que a existência precede a
essência, ou seja, que é necessário partir de uma subjetividade.
Há duas
espécies de existencialismo, o primeiro existencialismo é o existencialismo
teísta o qual defende a ideia que “da essência provem a existência”. Tal
existencialismo atribui essa essência a uma divindade intitulada como criador
superior. Sendo esta divindade uma vez superior e criador o qual tem objetivos
totalmente estabelecidos quando cria; desta forma o homem quando criado possui uma
essência que pode induzi-lo a realizar o que já está na mente desta divindade.
Os existencialistas teístas, para fundamentar que o homem individual realiza
certos comportamentos que já está na inteligência do ser divino enfatizam que
este homem possui uma natureza humana; tal natureza encontra-se em todos os
homens, o que torna esta figura humana de cada homem particular um conceito
universal. Assim para o existencialismo teísta esta divindade criadora
estabelece ao homem uma forma, que tal forma é entendida pela natureza humana.
Tal natureza humana coloca todos os homens sem distinção possuidores das mesmas
qualidades de base. Deste modo a essência precede a existência, pois antes de
serem criados já existia uma essência.
O existencialismo ateu, logicamente declara que “não
existe entidade divina”. Tal definição é a base desde existencialismo. Se não
existe não há essência primaria. O existencialismo acredita que na existência
do ser humano como um ser livre, e o que define sua essência não é uma essência
primaria ou uma natureza humana que determina sua existência. Desta perspectiva
usamos a definição de Sartre que a: “existência procede à essência”; podemos
pensar que primeiramente o homem existe, se descobre, surge no mundo e só então
ele se define. Para Sartre o homem não existe com um fim determinado, pelo
contrário o homem só será alguma coisa tal como o seu próprio fazer. O ser
humano não é apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele
se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para
existência, o ser humano não é mais que o que ele se faz.
Não há
determinismo, o homem é livre, o homem possui total liberdade. Portanto,
partindo deste conceito do existencialismo de Sartre, conseqüentemente não há
valores divinos pré-determinados a serem seguidos, assim não existe uma
essência primaria, não existe uma natureza humana que eu possa-me baser, não
existe uma divindade superior a qual faz o homem realizar os conceitos que está
na inteligência de tal divindade. Não há possibilidade para o homem se ausentar
de sua responsabilidade, não há algo para atribuir ou compartilhar sua existência,
não há justificação em que homem se acovarda diante de sua existência e apela
para uma divindade, ou seja; “o homem está só e sem desculpas, está condenado a
ser livre”. A responsabilidade única é total de sua existência está sobre si
próprio e sua história não se constrói a partir de uma essência primaria
estabelecida incondicionalmente, pelo contrário, a sua existência só acontecerá
no decorrer da sua história.
A liberdade é uma questão fundamental para o
existencialismo de Sartre. No entanto, não é apenas uma liberdade de expressão,
mas uma liberdade que permite escolha e a realização do indivíduo; uma
liberdade sem limites, mas extremante responsável. Para Sartre a liberdade do
ser humano se constitui quando o homem tem o direito de escolher o seu ser, o
seu destino, sua vida, tornando-se totalmente responsável por tudo o que o vier
a lhe acontecer. Portanto, a liberdade para Sartre pode ser conceituada
partindo do conceito que o homem primeiramente existe, e antes de qualquer
coisa, o homem “é o que se lança para o futuro; ou seja, o homem será aquilo
que ele tiver projetado ser. Desta maneira a liberdade toma forma, pois
consiste em deixar o homem totalmente responsável pela sua existência, pois a
existência procede a essência. O homem é totalmente responsável por aquilo que
é. Sendo assim o homem tem a liberdade e o domínio de que ele é; e tem toda a
responsabilidade de sua existência. As coisas serão tais como o homem tiver
decidido que as sejam, o que mostra que o homem não é se não o seu projeto, e
que existe na medida em que se realiza na história; portanto o homem é o
conjunto a somatória de seus atos.
O
existencialismo teísta o qual defende a idéia que “da essência provem a
existência”. Tal existencialismo atribui essa
essência a uma divindade intitulada como criador superior. Sendo esta divindade
uma vez superior e criador o qual tem objetivos totalmente estabelecidos quando
cria; desta forma o homem quando criado possui uma essência que pode induzi-lo
a realizar o que já está na mente desta divindade, como dito na questão. Porém
Sartre defendia o Existencialismo ateu, onde não a existência de uma divindade,
não há determinismo, o homem possui total liberdade. “Para Sartre o homem não
existe com um fim determinado; pelo contrário o homem só será alguma coisa tal
como o seu próprio fazer. Ou seja, Sartre defende o fato de que o homem
determina suas próprias ações sem valores pré-determinados a serem seguidos,
diferente do existencialismo onde uma divindade estabelece ao homem uma
“forma”.
Não há possibilidade para o homem se ausentar de sua
responsabilidade; não há algo para atribuir ou compartilhar sua existência; não
há justificação em que homem se acovarda diante de sua existência; e, apela
para uma divindade, ou seja; “o homem está só e sem desculpas, está condenado a
ser livre. Tal liberdade não
significa uma liberdade individual, mas uma liberdade que inclui todos os
homens. Diante disso a responsabilidade do homem fica maior, pois ele não é
apenas responsável por sua liberdade, como também envolve toda a humanidade.
Esta liberdade de escolher implica no valor do que escolhemos, porque nunca
podemos escolher mal, porque nada pode ser bom para mim sem que seja bom para
todos. Por isso Sartre faz menção de uma terrível angustia do existencialismo,
onde o homem não é apenas aquilo que escolhe e decide fazer para ser, mas
também é um legislador, que ao mesmo tempo a humanidade se torna sua
responsabilidade. Isso mostra que a minha liberdade depende dos outros, e que a
liberdade dos outros depende da minha, pois uma vez que existe uma ligação de
compromisso sou abrigado ao mesmo tempo em que a minha liberdade e a liberdade
dos outros; visto que para Sartre “Só posso tomar a minha liberdade como um
fim, se tomo igualmente a dos outros como um fim”