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FILOSOFIA DA CIÊNCIA E TEORIA DO CONHECIMENTO EM ARISTÓTELES REALISMO E METAFÍSICA


FILOSOFIA DA CIÊNCIA E TEORIA DO CONHECIMENTO EM ARISTÓTELES REALISMO E METAFÍSICA 

Prof. Sergio Adriano

Disciplina: Filosofia


Há uma disciplina, escreve Aristóteles no quarto livro da sua Metafísica, «que teoriza sobre o Ser enquanto ser e sobre as coisas que pertencem ao Ser tomado em si mesmo.» A esta disciplina chama Aristóteles «filosofia primeira», definindo-a noutro texto como o conhecimento dos primeiros princípios e das causas supremas. As outras ciências, afirma, lidam com um tipo de ser particular, mas a ciência do filósofo diz respeito ao Ser universalmente e não apenas parcialmente. Noutras obras, contudo, Aristóteles parece restringir o objeto da filosofia primeira a um tipo particular de ser, nomeadamente a uma substância divina, independente e imutável. Existem três filosofias teóricas, afirma ele num outro texto: a matemática, a física e a teologia; e a primeira e mais digna das filosofias é a teologia. A teologia é a melhor das ciências teóricas porque lida com os seres mais dignos; precede a física e a filosofia natural, sendo mais universal do que elas. Ambos os conjuntos de definições até ao momento considerado tratam a filosofia primeira como dizendo respeito ao Ser ou aos seres; diz-se também que é a ciência da substância ou substâncias.

Ora, a ciência aristotélica é uma ciência de causas, pelo que a ciência do Ser enquanto ser será uma ciência que procura as causas da existência de qualquer verdade acerca de toda e qualquer coisa. Na sua Metafísica, Aristóteles explica que existem três tipos de substâncias: os corpos perecíveis, os corpos eternos e os seres imutáveis. Os dois primeiros tipos pertencem à ciência da natureza, e o terceiro à filosofia. Aquilo que explicar a substância, afirma, explicará todas as coisas, já que sem substâncias não existiriam mudanças ativas nem passivas. Aristóteles avança então para a comprovação da existência de um motor imóvel, concluindo que «de tal princípio dependem os céus e a natureza» — ou seja, tanto os corpos eternos como os corpos perecíveis dependem do ser imutável. E este é o divino, o objeto da teologia.

O motor imóvel é anterior às outras substâncias, e estas são anteriores a todos os outros seres. «Anterior» é aqui utilizado não num sentido temporal, mas para denotar dependência: A é anterior a B, se pudermos ter A sem B mas não B sem A. Se não existisse um motor imóvel, não existiriam os céus e a natureza; se não houvesse substâncias, não haveria nenhuma outra coisa. Podemos agora entender por que motivo Aristóteles afirmava que aquilo que é anterior possui um poder explicativo mais elevado do que aquilo que é posterior, e por que razão a ciência dos seres divinos, sendo anterior, pode entender-se como a mais universal das ciências: porque lida com seres que são anteriores, isto é, mais recuados na cadeia da dependência. A ciência dos seres divinos é mais universal do que a ciência da física porque explica tanto os seres divinos como os seres naturais; a ciência da física explica apenas os seres naturais e não os seres divinos.

Por fim, conseguimos compreender como se harmonizam as diferentes definições da filosofia primeira. Qualquer ciência pode ser definida pela área que pretende explicar ou por meio da especificação dos princípios pelos quais o explica. A filosofia primeira tem como área de explicação o universal: propõe-se apresentar um tipo de explicação para toda e qualquer coisa e encontrar uma das causas da verdade de toda e qualquer predicação verdadeira. É a ciência do Ser enquanto ser. Podemos dizer que a filosofia primeira é a ciência do divino; pois aquilo que explica fá-lo por referência ao motor imóvel divino. Não lida apenas com um só tipo de Ser, já que faz a descrição não apenas do próprio divino, mas de tudo o que existe ou é alguma coisa. Mas é, por excelência, a ciência do divino, já que explica tudo por referência ao divino e não, como a física, por referência à natureza. Assim, a teologia e a ciência do Ser enquanto ser são uma e a mesma primeira filosofia. Somos por vezes levados a pensar que a fase final da compreensão da metafísica aristotélica é uma apreciação da natureza profunda e misteriosa do Ser enquanto Ser. Na verdade, o primeiro passo em direção a essa compreensão é a tomada de consciência de que o Ser enquanto Ser é um espectro quimérico engendrado por não se prestar atenção à lógica aristotélica

ARISTOTÉLICA – METAFISICA E SUBSTANCIA

Não se pode compreender Aristóteles senão começando por estabelecer qual foi a sua posição em relação à do seu mestre Platão. E Diógenes Laércio escrevia que Aristóteles foi o mais genuíno dos discípulos de Platão. Pois um discípulo genuíno não apenas repete o mestre, conservando intocável sua teoria, mas sim quem busca saídas novas para as aporias que não foram resolvidas, busca superar e atentar para os pontos em que pode ter havido erro. As grandes diferenças entre os dois filósofos não estão no domínio da filosofia, mas sim na esfera de outros interesses. O discípulo deixou nas obras esotéricas o componente místico-religioso-escatológico do mestre que tem suas raízes na religião órfica e alimenta-se mais da fé e crença do que de logos. Então Aristóteles sem dúvida pretendeu proceder a uma rigorização de discurso filosófico.Outra diferença de fundo entre Platão e Aristóteles reside da seguinte maneira: Platão tinha interesse pelas ciências matemáticas, mas não pelas ciências empíricas e, em geral, não manifestou nenhum interesse pelos fenômenos empíricos considerados em si mesmo. Já Aristóteles teve um enorme interesse por quase todas as ciências empíricas e também pelos fenômenos empíricos considerados enquanto tais, ou seja, como fenômenos puros pelos quais se apaixonou. Entretanto, Aristóteles, além de ter interesses puramente filosóficos, também tinha interesse pelas ciências empíricas, que o seu mestre não tinha.

Uma última diferença é a ironia e a maiêutica socrática, fundindo-se com uma força poética excepcional, deram origem em Platão nas escritas e não nas lições. A oposição de Aristóteles com o empírico científico iria necessariamente levar a uma sistematização orgânica das várias aquisições, distinção dos temas problemas segunda sua natureza, diferenciação nos métodos para poder enfrentar e resolver diversos tipos de questões.Em sua metafísica, que evoluiu da biologia, tudo é movido por uma força para se tornar algo maior, para evoluir. Esta força é o Motor Primeiro, imóvel. Tudo no mundo se move para preencher uma necessidade, entre as várias causas que determinam um acontecimento, a final é a mais importante. Por exemplo, a causa final da chuva não é física, chove porque os seres vivos precisam de água. A divina providência coincide com a ação de causas naturais. Aristóteles recusa a solução do mestre porque entende o mundo inteligível concebido por Platão que apenas explica a imperfeição do mundo sensível. Pois, é incapaz de explicar o universo dos sentidos, a diversidade e o movimento que nele ocorrem. O conhecimento é esse processo de abstração pelo qual o intelecto produz conceitos universais que, ao contrário das idéias de Platão, não existe separação das coisas e do intelecto. O ato refere-se ao estado atual do ser, como existe aqui e agora. A potência, por outro lado, mostra aquilo em que este ser se transforma, sem, no entanto deixar de sê-lo. Ex: A semente de uma árvore, enquanto ato, é semente, mas como potência é a árvore que dela vai germinar. Assim, as mudanças e o movimento são o modo como as potencialidades do ser vão se atualizando, passando da potência ao ato.

Denomina a força pulsadora da physis, restaurando-lhe o significado que é original. A physis traduz-se por natureza, mas é natureza na medida em que significa engendrar, fazer crescer, produzir. Estando presente a substância, fazendo-a mover-se da privação da forma. Então a physis é tanto causa formal como causa eficiente. E também causa do repouso. A potência se realiza plenamente como ato e, o repouso finaliza todo o movimento.Segundo Aristóteles a forma e a matéria equivalem, no caso dos seres vivos, à alma e ao corpo, respectivamente. Ele distingue três tipos de alma: a vegetativa, a sensitiva e a intelectual. Na metafísica ou filosofia primeira, o denominava que as ciências se unificam em um todo coerente, sem o que só haveria explicações particulares de coisas particulares.

O ser, para Aristóteles, não é uma coisa única e eterna como o ser de Parmênides. É um “quê” presente em cada coisa que existe, e que faz com que esta coisa seja precisamente esta e não outra. Aristóteles criticou asperamente o mundo das ideias platônicas com numerosos argumentos, demonstrando que, se elas fossem separadas, ou seja, transcendentes, como queria Platão, não poderia ser causa da existência das coisas nem causa de sua cognoscibilidade. Aristóteles não pretendeu em absoluto negar que existem realidades supra-sensíveis, mas simplesmente negar que o supra-sensível era aquilo que Platão pensava que fosse. O mundo supra-sensível não é um mundo de Inteligíveis, mas sim de Inteligências, tendo no vértice a suprema das inteligências. As Ideias ou formas são a trama inteligível do sensível.

Daí Aristóteles representa um indubitável progresso em relação a Platão, pois, cindiu de modo muito claro a Inteligência e as formas inteligíveis que pareciam nascer como efeitos da atração do mundo por parte de Deus e dos movimentos celestes, mas não pensamentos de Deus. Não podemos compreender a posição de Aristóteles sem ter conhecimento de seu mestre Platão. Segundo Diógenes Laércio, Aristóteles teve uma vida genial. Pois, o objetivo do discípulo foi de superar o mestre. Aquele que buscou saídas novas para as aporias que não foram resolvidas, buscou superar e atentar para os pontos em que pode ter havido erro. Por isso, as diferenças entre eles não estão na filosofia, e sim nos próprios interesses de cada um. O discípulo deixou o que era das obras esotéricas, o componente místico – religioso – escatológico, porque ela buscava alimentar-se de pontos religiosos, pela fé e crença do órfismo e nada de logos, que pudesse ajudá-lo a proceder a uma rigorização de discurso filosófico.Os interesses de Platão eram as ciências matemáticas, enquanto Aristóteles tinha seus interesses por meio das ciências empíricas e fenômenos empíricos considerados enquanto tais, ou seja, como fenômenos puros pelos quais se apaixonou. Ainda outra diferença é que a ironia e a maiêutica socrática, pela qual Platão teve origem fundindo-se com uma força poética excepcional, tudo por meios de escritas e nada de lições. A oposição de Aristóteles com o empírico científico iria necessariamente levar a uma sistematização orgânica das várias aquisições, distinção dos temas problemas segundo sua natureza, diferenciação nos métodos para poder enfrentar e resolver diversos tipos de questões.

O Motor imóvel, uma a força na metafísica para uma maior evolução pela biologia, uma necessidade com finalidade muito importante. Por exemplo, a causa final da chuva não é física, chove porque os seres vivos precisam de água. A divina providência coincide com a ação de causas naturais. Aristóteles recusa a solução de Platão, justamente porque entende muito bem o mundo inteligível. Pelo mundo das Ideias o seu mestre só conseguia explicar o que era imperfeito no mundo sensível. Pois, é incapaz de explicar o universo dos sentidos, a diversidade e o movimento que nele ocorrem. Na verdade, o conhecimento é esse processo de abstração pelo qual o intelecto produz conceitos universais que, ao contrário das ideias de Platão, não existe separação das coisas e do intelecto.

O ato refere-se ao estado atual do ser, como existe aqui e agora. A potência, por outro lado, mostra aquilo em que este ser transforma-se, sem, no entanto deixar de sê-lo. Outro exemplo é a semente de uma árvore, enquanto ato, é semente, mas como potência é a árvore que dela vai germinar. Assim, as mudanças e o movimento são o modo como as potencialidades do ser vão se atualizando, passando da potência ao ato. Dessa maneira, Aristóteles percebe também, a forma e a matéria em relação aos seres vivos de alma e corpo. Então ele distingue três tipos de alma: vegetativa, sensitiva e intelectiva. Para ele, na metafísica ou filosofia primeira, denominava que as ciências unificam com coerência sem particularidades na explicação das coisas. Já para Platão, a alma distinguiu-se em: Alma Racional, ou razão, Alma Irascível e Alma concupiscente.

Finalmente, na certeza de que Aristóteles criticou o mundo das ideias platônicas com sua argumentação, para demonstrar o erro aos interesses da separação que Platão queria fazer na “transcendência”, assim as coisas poderiam perder também a causa da existência e as causas de sua cognoscibilidade. Portanto, Aristóteles nunca pensou em negar absolutamente a existência do mundo supra – sensível e, somente mostrou que ele é contrário daquilo que seu mestre pensava que fosse. O mundo supra - sensível não é um mundo de Inteligíveis, mas sim de Inteligências, tendo no vértice a suprema das inteligências. As Ideias ou formas são a trama inteligível do sensível.Entretanto, Aristóteles conseguiu um grande desenvolvimento e entendeu com maior clareza não só a Inteligência, mas, também as formas inteligíveis que fazia pensar que nascesse a partir da atração do mundo, da vontade de Deus e dos movimentos celestes, sendo assim, independente de ser pensamento do próprio Deus.

ARISTÓTELES E A SUBSTÂNCIA

Aristóteles foi um dos maiores filósofos de sua época, influenciando grande parte do pensamento filosófico dá eras posteriores, como na idade média, por exemplo, graças a livros como “Metafísica” onde podemos encontrar o conceito de Aristóteles sobre a substância. A substância, que vem do grego “ousia” e que significa “ser” e que alguns chamam de essência, seria basicamente aquilo que fundamenta as coisas e que teve sua teoria criada basicamente para explicar a mudança. Para Aristóteles a substância possui quatro características, que seriam: seria tudo aquilo que não pode ser predicado, aquilo que existe independente de o resto, aquilo que permanece através da mudança e sendo também aquilo que é a união da matéria e da forma essencial. Para entendermos melhor a primeira característica devemos conhecer antes o conceito das categorias de Aristóteles, onde ele tenta mostrar algumas categorias, sendo a primeira a substância e considerada por ele o único sujeito e todas as outras categorias sendo predicados, ou seja, a substância não pode ser dita de um sujeito e nem em um sujeito. A substância então seria um recebedor de predicados, mas nunca seria um predicado propriamente.

O significado da segunda característica seria a de que a substância existe e pode ser pensada independente da matéria e da propriedade. Ela então seria a base de tudo e sem ela nada poderia existir. Nessa característica podemos ver uma relação entre os números e a substância, mas apesar de os números poderem ser pensados independentes de todo o resto sua existência possui dependências.Na terceira característica vemos que a substância só sofre mudança nela mesma, há outras coisas que entender esse fato é que ao colocarmos um pedaço de cera de abelha (tendo ela características podem ser assim, porém essa mudança seria extrínseca a ela enquanto na substância a mudança seria na forma de geração e corrupção, ou seja, nela mesma.  Uma boa forma de se como aroma, forma e textura) no fogo, ela sofreria mudanças em suas características, porém continuaria sendo cera, pois a substância (essência) que a define não mudaria.

Na última característica vemos a substância como a união entre dois conceitos: a matéria e a forma. A matéria seria aquilo de que um ser é constituído ou é feito. Aquele indeterminado que poderia receber determinações. A forma seria aquilo que se mostra de algo, ou seja, seu aspecto. Assim podemos concluir que, para Aristóteles a substância seria o fundamento de tudo, seria aquilo do qual podemos falar algo, que poderíamos pensar sem interligarmos a nada diretamente, que se mantêm quando o resto muda e que seria a base para a união daquilo que se mostra com aquilo de que algo é feito.

Aristóteles se depara com um grande problema filosófico deixado por Heráclito e por Parmênides, isto é, o problema do movimento (mudança) do ser, das coisas, do ente: o ente se move, se altera ou permanece imóvel, sempre idêntico a si mesmo? Segundo Heráclito, a mudança se dá de modo constante nas coisas, pois tudo flui. Já Parmênides defende o monismo e o imobilismo do ser, de modo que este é considerado como imutável, indivisível e imóvel. Com a finalidade de superar as teorias e os problemas acerca do movimento e do imobilismo do ser, Aristóteles formula sua perspectiva – até certo ponto, apresentada como uma síntese dos pensamentos heraclitianos e parmenídicos – atrelada à sua compreensão da realidade sensível: a existência concreta do ser deve ser garantida, mas sem que se negue o movimento encontrado na natureza.

Deste modo, a distinção com relação ao ser é realizada: o ser é o que existe em ato e também o que existe em potência – isto é, o que pode vir a ser em ato. O ser pode, pois, possuir determinadas características em um momento e outras características diversas em um momento diferente. Ademais, pode ser dito de vários modos: pode-se dizer o ser através das categorias, através do ato e potência, pela verdade e falsidade e também pelas quatro causas. Com a finalidade de explicar o movimento que ocorre na natureza, o Estagirita utiliza-se das noções de ato e potência –  abordadas com profundidade no Livro IX da Metafísica de Aristóteles. Ambas as noções compõem nosso objeto neste trabalho, no qual são tomadas brevementecomparadas e contrapostas por nós.

Ato e potência são apontados pelo filósofo como modos de ser divergentes e diferentes. Quando se diz que algo é em ato, diz-se que a coisa existe concretamente, existe em ato, diz-se que possui existência real.  Ao se dizer do ser enquanto potência, refere-se a algo que tem a capacidade de realizar sua existência, algo que tem a possibilidade de existir, embora não de modo necessário. Estes dois modos de ser prevalecem sobre todos os seres. O ser é tomado pelo filósofo como ato e/ou potência. É por essa concepção que se pode explicar a mudança das coisas: o pensamento de que as coisas deixam de ser ao mudarem é excluído por Aristóteles, já que, ao sofrerem as mudanças, o movimento a coisa passa de um modo de ser – potência – a outro modo de ser – ato.


Com relação ao ato e potência, o ser pode existir de três modos:

1) pode existir enquanto ato, mas não em potência;

2) pode existir enquanto ato e enquanto potência;

3) pode existir enquanto potência, embora não em ato.

Estes modos de existir trazem várias implicações,

como:


1) ao existir em ato, mas não em potência, o ser existe necessariamente, de modo que não pode ser diferente do que é;

2) ao existir em ato e em potência, o ser existe necessariamente, todavia pode se tornar outra coisa com relação ao que é atualmente;

3) ao existir como potência, mas não em ato, o ser existe enquanto possibilidade e, assim, não existe de modo necessário.

Deve-se ressaltar que, segundo Aristóteles, o que existe em ato não possui dois contrários concomitantemente, enquanto o que existe em potência pode contê-los ao mesmo tempo. Neste ponto, podemos notar que Aristóteles estabelece a tese ontológica de não-contradição, a qual já havia sido apontada por Parmênides, embora ele não a houvesse sistematizado. Perscrutando um pouco mais a questão da potência comportar seu oposto, entende-se que o que tem a potência de existir, também tem a potência de não existir, como afirma Aristóteles: “Portanto, pode ocorrer que uma substância seja em potência para ser e que, todavia, não exista, e, também, que uma substância seja em potência para não ser e que, todavia, exista” (Met., IX(3), 1047 a 20-22).

A existência em ato é considerada determinada pelo Estagirita e a existência em potência é tida como indeterminada, posto que a passagem de potência à ato pode ou não ocorrer. De potência, a coisa vai em direção ao ato, pois este é o fim visado pela coisa que está em potência. Assim, o ser só pode atualizar-se com a condição de haver nele a capacidade potencial para tal ato, seja externa ou interna. Há também outro ponto de diferenciação e oposição entre as noções de ato e de potência: o ato é concebido como princípio ativo determinante, e a potência é concebida como capacidade de realização, conforme apontou o Estagirita: “Chamo, por exemplo, construtor quem tem a capacidade construir, vidente quem tem a capacidade de ver, e visível o que pode ser visto. O mesmo vale para tudo o mais. De modo que a noção de ato, necessariamente, precede o conceito de potência e o conhecimento do ato precede o conhecimento da potência” (Aristóteles, Metafísica, IX(8), 1049 b 20). Para o filósofo, o movimento, a alteração das coisas se dá de modo teleológico, a saber, visando um fim. O ato é considerado o fim a ser atingido pela potência. Esta, por sua vez, existe visando seu fim, o ato, sendo a finalidade e o ser que visa alcançá-la opostos e diferentes.


REFERENCIAS 


ARISTÓTELES. Metafísica – tradução e comentário de Giovanni Reale. São Paulo: Edipro, 2006.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. Coleção filosofia. V I. São Paulo: paulinas, 1990.

ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Edições Loyola, 2002.


Link deste texto:

http://dialogosfilosofico.blogspot.com/p/ciencia-eexplicacao-em-aristoteles.html

Assuntos a ser estudados:

  • Realismo aristotélico;

  • Mundo físico;

  • As quatro causas;

  • Ato e potência;

  • Sustância e acidente;

  • Metafisica;

  • Primeiro motor

  • Critica a Platão.