A Filosofia da
Ciência constitui-se como uma área do conhecimento que se preocupa em refletir
a respeito da construção das ciências, seus métodos, seus fundamentos, suas
implicações e a relação de tais implicações com as ideologias inerentes à
relação ciência e sociedade. Assim, segundo Araújo (2003), se utiliza a
filosofia para pensar sobre a ciência, e se utilizam resultados científicos
para pensar a filosofia, que trata do conhecimento em seu aspecto vulgar,
científico e filosófico. Para a autora, conhecer é apreender, é apropriar-se
espiritualmente de algo, que pressupõe dois elementos, o sujeito, aquele que
conhece, e o objeto, o algo que se conhece.
O conhecimento
vulgar é o que chamamos de senso comum, aquele que fornece a maior parte das
noções que temos em nosso cotidiano, ele é a base para o conhecimento
científico, que assinala outra atitude, pois não se conforma com o senso comum.
O trabalho científico se constitui ordenadamente, realizando uma classificação,
uma síntese, buscando nexos ou laços que unam fatos e ideias.A proposta do
conhecimento filosófico é fornecer ideias e conteúdos que transformem a
realidade, tendo como objeto de análise as ideias. Elas são raciocinadas e
dessa maneira os filósofos buscam a verdade. Esse conhecimento questiona o
homem e as coisas da vida. É um conhecimento racional, sistemático, geral e
crítico.
Ciência - Conceituação
É comum, mas não é
natural, a disseminação de um conceito de ciência que a relacione com os
avanços da tecnologia, com a valorização de resultados práticos. A sociedade vê
na ciência a provedora de um conhecimento aplicável sem o qual a história da
civilização certamente teria sido diferente. A razão dessa interpretação está,
segundo vários autores, na necessidade de eficiência do setor produtivo.Entender
a ciência como uma atividade que produz conhecimento sistemático e seguro, a
fim de tornar o progresso tecnológico possível, é sem dúvida uma visão de
ciência extremamente difundida. A esse respeito, a Araújo (2003) comenta que:
Se a ciência se propõe a atingir conhecimento
sistemático e seguro, tomados como conclusões certas a propósito de condições
mais ou menos amplas e uniformes sob as quais ocorrem os vários tipos de
fenômenos, veremos que obter conhecimento desta maneira não é uma exclusividade
da ciência. Sem dispor do método científico, o homem já desfrutava de
conhecimentos sistemáticos que lhe permitiram levar adiante várias atividades.
O senso comum é também sistemático e nem por isso tem caráter científico
(ARAÚJO, 2003, p.15).
Assim, a
possibilidade de testar e eventualmente refutar hipóteses e teorias científicas
caracteriza melhor o procedimento do cientista do que a obtenção de verdade e
certeza acerca dos fatos. Toda ciência se compõe de um conjunto de hipóteses e
teorias resolvidas e a resolver. Possui um objeto próprio de investigação que é
um determinado setor da realidade recortado para fins de descrição e explicação
e possui um método, sem o qual as tarefas acima seriam impraticáveis. A questão
do método parece unânime aos pensadores e filósofos da ciência. Porém, a
crítica ao método único também. Desta forma, o mais coerente seria citar os
métodos possíveis de serem aplicados em determinada pesquisa, enquanto
processos mais amplos e gerais do que as técnicas. Do emprego de um ou mais
desses métodos resultam conhecimentos acerca de um determinado recorte da
realidade. São exemplos a observação e descrição, a experimentação a construção
de sistemas formais e modelos explicativos, o levantamento e teste de
hipóteses, as explicações por meio de analogias, leis e teorias, entre outros e
não nessa ordem. As técnicas, por sua vez, configuram-se como processos
definidos e delimitados que servem para adquirir conhecimentos úteis. São guias
para práticas de um modo geral, com propósitos específicos de cada ciência, tal
como a mensuração e uso de instrumentos, os modos de agir na coleta de dados, o
emprego de instrumentos como questionários, levantamentos estatísticos,
gráficos.
Da relação entre ciência e técnica resultam avanços
formidáveis tanto para uma como para outra. A técnica algumas vezes provêm da
ciência, outras vezes é a ciência que é devedora dos aparatos técnicos que
favorecem medidas cada vez mais detalhadas e observações cada vez mais
precisas. Da técnica da mensuração de solos nasceu, por exemplo, a geometria, e
da máquina a vapor nasceram os elaborados conceitos da termodinâmica (ARAÚJO,
2003,p.16).
A ciência não tem,
no entanto, a sofisticação da técnica. A ciência nasce antes de obstáculos, de
problemas que a observação atenta e a experimentação rigorosa detectam como
sendo fatos incompatíveis com a(s) teoria(s) científica(s) vigente(s).Assim...
A ciência é, portanto, metódica. Pretende fornecer
um modelo de realidade na forma de um conjunto de enunciados que permitem obter
explicações acerca de fenômenos e que são, além disso, suscetíveis de algum
tipo de confirmação ou refutação, enfim, de validação (ARAÚJO, 2003, p.20).
O conhecimento
científico busca metodicamente explicações que forneçam um modelo de realidade
traduzido em leis e teorias. É preciso uma linguagem adequada, uma teoria-guia
e fenômenos da realidade empírica, isto é, situações-problema que demandem
explicações.
Referência
Bibliográfica
ARAUJO, I. L. Introdução à filosofia da ciência. Curitiba: Ed. UFPR, 2003.